domingo, 2 de dezembro de 2012

‎"Converso com os meus ais porque os queria inertes de sinais - e não actores principais: por aí à solta; por aí, sem moita que os esconda do reboliço das marés, do sumiço que me és. 
Converso com os meus ais porque os queria a saber a mais - e não a meros sais: ainda que vitais -, tolas penas em câmara ardente.
Mas tão perto os vejo como tais - como a fuga do partir, de estar no ir -, de não mais te(me) ver sorrir.
Converso com os meus ais porque, enfim,
por aqui, não há punhais."

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Dia do Desassossego

Hoje, da 16 de Novembro, recorda-se Saramago e a sua incrível obra.
Nem de propósito estarmos a ler mais uma relíquia sua!

Ao desassossego!

Adriana Sete Luas (!)

http://www.publico.pt/Cultura/nos-90-anos-do-escritor-fundacao-jose-saramago-quer-levar-festa-a-rua-1568566

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Alô Linguarudos, tertulianos, partilho convosco alguma informação relativa aso Malaquias  e à respectiva autora.

Aspásia, Cortesã, Memeia San

ndréa del Fuego, Prémio José Saramago 2011

fjs
A escritora brasileiraAndréa del Fuego é a vencedora do Prémio Literário José Saramago 2011, com o livro Os Malaquias, editado pelaLíngua Geral. A cerimónia de entrega do Prémio teve lugar no edifício Grupo Círculo/Bertrand.
A Fundação José Saramago felicita Andréa del Fuego
Andréa del Fuego, natural de S. Paulo, Brasil, onde nasceu no ano de 1975. Com formação em publicidade, fez produção de cinema e realizou duas curtas-metragens. Colaborando em várias revistas, inicia-se na escrita com Minto enquanto posso (2004). Uma primeira coletânea de contos seguida por Nego Tudo (2005), Engano seu (2007) e Nego fogo(2009). Em paralelo experimenta o juvenil com Quase caio (2008) eSociedade da Caveira de Cristal (2008) e o registo infantil com Irmãs de pelúcia (2010). Decidida a completar a sua formação em Filosofia ingressa na Universidade de São Paulo. Incluída em diversas antologias de contos, nomeadamente 30 Mulheres que Estão Fazendo a Nova Literatura Brasileira e Os cem menores contos brasileiros do século, foi distinguida ainda este ano com o Prémio São Paulo de Literatura. Mantém o blog www.andreadelfuego.wordpress.com.



A propósito de Os Malaquias, escreveu José Luís Peixoto:
Se um nome define aqueles que o carregam, então Malaquias é nome de gente viva. No intrincado novelo de histórias que constituiu o romance de Andréa del Fuego, cada personagem é uma pessoa. A vida é-lhes soprada por aquilo que é matéria da literatura: a linguagem, os nomes. Aqui, as palavras têm cheiro e sabor, podem ser sentidas com a ponta dos dedos, possuem temperatura. As páginas que acompanham os Malaquias, que os fazem nascer, viver e morrer diante de nós, são feitas de assuntos infinitos – terra, céu – são feitas de distância e de aqui. Aqui mesmo, o teu rosto, o meu rosto, nós.
“Vida” é uma palavra grande, constituída por palavras grandes, nestes capítulos, nestes anos, Andréa del Fuego não teme nenhuma delas, mistura-as com a natureza: natureza humana e natureza-natureza. Por essa via, as personagens vivem, o mundo destas páginas vive e nós, leitores de milagres, vivemos também. Somos parte dessa mesma natureza, existimos nesse mesmo tempo de gerações, de bênçãos ou maldições eternas, esse tempo como um raio que fulmina ou como água que afoga, também nós somos donos de uma memória, que é do tamanho da Fazenda Rio Claro, pelo menos.
Vale a pena ler Os Malaquias para sabermos de nós próprios. Um dia, depois de tudo, se estivermos à altura da vida, cada uma das nossas histórias fará parte de uma vertigem como a que é descrita nestas páginas. Então, talvez possa haver leitores a se emocionarem, a se sobressaltarem, a se deslumbrarem, como acontece ao longo desta obra magistral de Andréa del Fuego.
--//--
Palavras dos membros do júri:
Ana Paula Tavares:
«Antes do amanhecer a água mudou o tato das coisas. Um vento sob a represa que a superfície, disfarçava, o chão soltando ar, as plantas ficando de lado, aconteciam peixes.» Os Malaquias, p.117
Há um mundo primevo neste Os Malaquias de Andréa del Fuego, uma proposta de atravessar o tempo para descobrir as teias de um passado onde se apropria das falas e do conhecimento que lhe permitem nomear os seres que habitam a narrativa com voz própria para contar a vida vivida, a vida sonhada. Há em cada personagem do livro um passado que funciona como razão de um presente que o aprisiona e impele para um mundo onde se resolve a condição de estar vivo. Serra Morena é o lugar onde se chega para encontrar as origens e perceber que uma família se faz das intrincadas alianças que ultrapassam o mero parentesco mas também o lugar encantado onde tudo ganha forma nos misteriosos caminhos da escrita que se afeiçoa a revelar ao leitor as mil maneiras de viver e morrer dos Malaquias. Do outro lado o vale “onde quem vai, se volta, volta virado” (p. 154), que se prolonga numa sucessão de espelhos “o outro lado do vale era outro vale” (p. 163), como a palavra escolhida precisa e encantatória de Andréa del Fuego. Todas as famílias têm uma história, mas poucas servem esta tensão da escrita com o seu sistema de referências requintado e próprio da arte do romance. Os Malaquias dão-se a conhecer num intrincado jogo que a escrita controla e refaz. O resultado é misterioso mas absolutamente fascinante. 
Nélida Piñon
Os Malaquias é um romance áspero, poético, original. Voltado para a paisagem rural, a que raramente os autores contemporâneos se circunscrevem, seu perfil arcaico e trágico suscitam emoções intensas.
Oferta-nos uma leitura da qual não se sai incólume, cada capítulo traçado para nos perturbar. Uma criação que, enquanto avança, sem pausa que nos console, distancia-se dos intimismos, dos individualismos exacerbados, do falso cosmopolitismo que ora pauta a produção urbana. Como se estivera a autora centrada em retratar a injustiça e a crueldade de que somos forjados. Graças, pois, ao inusitado vigor de sua narrativa, Andréa del Fuego, autora de Os Malaquias, merece o prémio Saramago 2011, talhado para o seu talento. 
Vasco Graça Moura
Em Os Malaquias, a brasileira Andréa del Fuego transfigura numa impressiva obra de ficção a cruel banalidade da existência de três desgraçados irmãos órfãos, nascidos no rude ambiente de uma fazenda da Serra Morena, e que a vida separa desde muito pequenos. A escrita surpreende insuspeitados recursos de estranheza na coloquialidade quotidiana e desenvolve-se num ritmo muito seguro, perturbante e por vezes quase alucinatório. Não sendo propriamente afim dos processos de encadeamento da oralidade praticados por José Saramago nos seus romances, esta atenção à fala, às suas inflexões e às modalidades dos seus registos populares, acaba por redundar numa homenagem importante ao patrono deste prémio. 
Nazaré Gomes dos Santos
Se a autora mistura “natureza humana e natureza-natureza”, essa “transrealidade” é vital, antes de mais porque é comunitária, ou seja, são personagens com situação familiar e social claramente definida. Mas também são personagens feitas de uma luminosidade e única individualidade, iluminadas por dentro, através de uma invenção de linguagem que, como também já foi sugerido, reúne as palavras mais inesperadas. Mais: linguagem enraizada numa memória tão coletiva como individual, sem concessões regionalistas, sem retórica sentimental.
Enfim, nesta obra-prima de renovação originalíssima do romance brasileiro, simbiose perfeita de tradição e modernidade, cada episódio, cada personagem tem sentido, ou seja, “é alinhavado” “como água que se assenta depois da queda”. 
Maria de Santa Cruz
Jovem e muito antigo, o Discurso de água e fogo d’Os Malaquias(mensageiros) formula uma oblação quase pura, oferenda sacrificial de renovada fé na fertilidade da terra e na vida familiar e comunitária. A escritura del Fuego, enviada anunciadora, acompanha essa necessidade de crer no enraizamento dos elementos no e do Corpo humano-e-vegetal, seus afetos e humores num tempo cíclico de desastre e colheita em que convivem, com graça, as gerações do passado e do futuro. Inovação semântica e simples clareza da frase curta e direta. Esta re-criadora parece cruel e injusta como os deuses que, na sua ambiguidade, se permitem renegar uma de duas oferendas. Inusitado, originalíssimo. Tradicional e atual. Seiva exemplar, sem pretensões.
Manuel Frias Martins
Este é um romance que narra a história de três irmãos cedo desassossegados pela morte dos pais por um raio e logo a seguir inscritos num universo de vida rural ou de Fazenda brasileira. Através de uma narrativa ritmada por cenas itercadentes de vida, relativamente autónomas na economia global do romance, onde convivem candura e alguma violência, e no registo estilístico de uma linguagem tremendamente seca e austera, Os Malaquias vai objetivando situações tão concretas no seu realismo que o tempo do romance se mede sobretudo pelo tempo das próprias personagens que nele ocorrem e pela transparência líquida que as identifica.
Pilar del Río
(texto lido na cerimónia de entrega do Prémio José Saramago a Andréa del Fuego)
Seria José Saramago quem deveria falar agora, mas a morte é estupida e cruel e tira-nos muitas coisas. E pessoas, que ainda é pior.
José Saramago sería quien haría ahora el elogia de Andrea del Fuego, pero lo siento, Andréa, llegaste tarde, te quedas privada del ingenio, el buen humor, la camaradería de José Saramago, tu par. Él también se pierde este acto y haberte conocido. No sabes cómo lo siento.
He de confesar que cada vez que llegaba a casa un libro nuevo, una traducción, por ejemplo, de Miranda, de Gonçalo M. Tavares, o de Peixoto, o de Valter, o de Tordo, y en las cubiertas ponía “Prémio José Saramago”, él se llenaba de gozo. Eran, son, libros independientes, sin nada que ver entre ellos o con su obra, pero José Saramago se sentía inmerso en un espíritu, tal vez padrino, desde luego compañero, siempre amigo, sin duda orgulloso de esta constelación. Sí: constelación: Recuerdo que cuando Adriana Lisboa ganó el Premio él habló aquí de constelación. Que se expande y se expande y de forma ordenada, como las constelaciones del cielo, que solo a los que no sabemos astrofísica nos parecen obra de magia, pero no lo son, son fruto de mucho esfuerzo, de tiempo, trabajo y la luz propia y contenida de cada estrella, es decir, de cada escritor que ha recibido el Premio.
Felicidades Andréa del Fuego por haber escrito “Os Malaquias”, esa historia tan real que araña el espíritu y a veces se confunde con experiencias del propio recuerdo. No: no todos hemos tenido unos bisabuelos muertos por un rayo porque el corazón, cuando el rayo entró, hacía sístole. No todos hemos tenido unos antepasados tan singulares, supervivientes al fenómeno porque el corazón hacía diástole y el rayo paso por ellos, eso sí, dejándoles una luz que hoy llega a Lisboa y ha llegado a miles de lectores en Brasil aunque aparentemente no consiguiera iluminar los baños públicos de la estación donde Julia se iba dejando quedar, o el internado de Antonio, el niño que no consiguió crecer, tal vez porque tenía más calor entre las faldas de las freiras, o mirándolas, que es otra forma de calentarse, o de Nico, un patriarca con una misión que va arrastrando por la vida, desde niño, mientras la vida se encarga de cercenarle todos los sueños y todos los espacios. A cambio de una central eléctrica, es decir, una luz que no nace de ellos y que puede corromperlo todo.
No voy a contar el libro, Nélida Piñón, nuestra Nélida, hablará de él. O mejor, léanlo, que merece la pena, se van a encontrar un estilo conciso, frases que son golpes, la belleza sin artificios del origen del mundo. Cuando comiencen a leer y tengan que interrumpir la lectura, les aseguro que buscarán encontrarse de nuevo con “Los Malaquias”, querrán saber de ellos, dónde están, qué partida les jugará el destino, si podrán vencerla. Qué cerca del corazón nos los ha instalado Andréa.
De la que quiero decir algo: “Del Fuego” no es nombre portugués: es un seudónimo adoptado de Luz del Fuego, una bailarina, naturalista y feminista brasileña que revolución costumbres por su pensamiento y su forma de estar en el mundo. Y de no vestirse… Andréa eligió llamarse “del Fuego” porque aceptó el reto de responder en la radio a preguntas… sexuales. Y para eso llamarse “De los Santos”, casi mejor que no… Luego mantuvo el pseudónimo por su sonoridad. Y empezó a escribir. Dice que le tenía ojeriza a la realidad, por eso la transforma, la mitifica, le otorga otra categoría. Dice también que escribir es una fuga, y ella se fugó, sin saber que todo tiene retorno. Lo comprendió enseguida, cuando sus lectores se multiplicaron y la eligieron. Sabe que escribir es arte difícil y complicado, que exige soledad y mucho silencio. Y a veces Andréa, autora de libros para adolescentes y para mayores, se pregunta si merece la pena. Como es inteligente, se responde de manera inmediata: Sí, hay que seguir deslizándose por las palabras, encontrar el modo de “escribir de pronto”, como si no hubiera artificios, como si cada palabra fuera el todo. “La vida es importante”, contó Andréa “cuando una escribe”. Luego, prudente, se pregunta dónde va a parar lo escrito en el silencio, y ahí no se contesta, deja que seamos otros los que hablemos. Pues bien, Andréa, lo que has escrito hoy está en Lisboa, mereciendo el Premio José Saramago.
Sí, deslizarse sobre las palabras es bueno. Llegas a otros, has llegado a nosotros, que te incorporamos orgullosos a nuestra experiencia lectora. En el viaje interior que es escribir haces una parada en esta ciudad, en Portugal, que es a la vez impuso, deleite, alegría. Y ya sabes: entras en la constelación de la que antes hablaba, la bendita constelación de los Prémios José Saramago.
Obrigada e parabéns, Andréa del Fuego.
*
A ausência de Saramago
(Texto de Nélida Piñon lido na cerimónia de entrega do Prémio José Saramago a Andréa del Fuego)
Uma vez mais, reunidos em Lisboa, concedemos a um jovem escritor da língua portuguesa o Prémio José Saramago 2011. Criado em 1999 pelo Círculo de Leitores, uma editora profundamente identificada com autores de língua portuguesa, o prémio originou-se da concessão do prémio Nobel a José Saramago, cuja obra é um tributo à criação que emana da língua portuguesa.
Um galardão que, distinto dos demais, pretendeu atender, desde o nascedouro, às aspirações dos escritores de língua portuguesa de idade inferior a trinta e cinco anos. Cobrindo, pois, um período cronológico em que os autores, emboscados pela fantasia e pela emoção, projetam no casulo da palavra a luz incisiva advinda do inventário da língua literária. Quando eles, sob o fulgor das descobertas do verbo e das incertezas provindas do oficio, adestram sua pena.
E que não foi criado com o intuito de mitigar o espírito aflito e solitário do jovem escritor recolhido em sua casa de Angola, do Brasil, de Cabo-Verde, de Guiné-Bissau, de Moçambique, de Portugal, de São Tomé e Príncipe, de Timor Leste. Mas antes expressar confiança nos postulados estéticos destes jovens que pertencem, tanto quanto todos nós, à matriz da literatura de língua lusa. Para que, assim ao abrir-lhes a delicada porta da esperança o prémio também nos devolva as noções da fé de que carecemos na maturidade.
A eleição de José Saramago, para tutelar o prémio, considerou a alta importância de um autor que, à parte do Nobel recebido, serviu, ao longo de décadas, com irrestrita devoção, persistência, dignidade, fervor, independência estética, aos desígnios da língua e da literatura. E que, dono de obra permeada por irrenunciável humanismo, por uma estética imune à vaidade vã, à ganância da glória perdulária, esteve sempre a favor dos interesses humanos.
Hoje, porém, Saramago não nos acompanha. Não o vemos ao lado de Pilar Del Rio, também jurada, ambos intimamente associados a todas instâncias do prémio. Nas ocasiões em que agia como se ele próprio, recém saído da sua vila de Azinhaga, e já instalado em Lisboa, pudesse cobiçar um prémio com igual característica, que colaborando com sua formação literária, o tivesse poupado das atribulações que enfrentou naquele período.
Nos encontros, em Lisboa, a figura esguia e austera do escritor emocionava-me. O rosto que se abria em sorriso quase velado, expressava discreto prazer, ironia afilada e descrença no humano que insistia em questionar. Na sua contínua batalha moral, tinha em mente, porém, a necessidade de aperfeiçoar o cabedal ético da sociedade e os estatutos do nosso humanismo. Seu estofo de pensador exigia, ao dar curso à imaginação, a responsabilidade cívica, o ideário audacioso, a acirrada defesa das minorias.
Sem falsos apanágios, seu discurso, ao replicar ou contrariar o pensar de certos filósofos, enveredava pelos ditames da consciência que transcendia os limites da condição humana.
É a primeira vez, pois, que nos reunimos após sua morte em 2010, em cujos funerais, com profunda tristeza, tive a honra de comparecer. Uma ausência que não nos impede de imaginar o quanto estaria hoje a exaltar a conduta do Círculo de Leitores que, sobrepondo-se à grave crise que assola o mundo, empenha-se em dar voz pública a talentos que afloram na esfera da língua portuguesa. Um prémio que encarna os mais ardentes postulados da obra de José Saramago.
Ao longo do seu ofício, Saramago reconheceu a índole universal da língua portuguesa e as irradiações da imaginação como peça de sustentação do edifício do repertório literário. Uma condição que lhe permitiu fertilizar sua concepção de arte, abrigar no verbo a melancólica poesia do cotidiano, a liberdade estética de alojar nos homens as histórias que correm o risco de se esmaecer.
Uma língua que, ao representar regozijo, lamúrias, poesia, ensejou que sua obra afagasse o mistério e o enigma de cada um de nós. Quando a narrativa, no corpo sagrado e profano da sua estética, tomou-se lírica, soberba, lúcida, cruel, propícia a servir à paixão e à ambiguidade da arte.
Mas, conquanto, desfalcados hoje da presença física de Saramago, ele nos acompanha. Não ocorreu entre nós uma despedida radical. Sua memória que nos subjuga, é paradigma da criação literária e da consciência de qualquer escritor. Constitui também um dos fundamentos da nossa visão de mundo.
Assim, como filhos da poesia, enaltecemos uma vez mais um prémio que, com rara eloquência moral e graças à Fundação Circulo de Leitores, opõe-se a tempos tão propícios ao desalento, à fugacidade, à armadilha das estéticas guiadas pela ganância dos mercados. Enquanto alimenta a crença de ser a literatura um poderoso esteio do processo civilizatório.
Um prémio que contou com a seriedade intelectual de um júri assim constituído:
• GUILHERMINA GOMES - PRESIDENTE DESTE JURI
• PILAR DEL RIO - PRESIDENTA DA FUNDAÇÃO JOSE SARAMAGO
• NAZARE GOMES DOS SANTOS,
• MARIA DE SANTA CRUZ,
• MANUEL FRIAS MARTINS,
• V ASCO GRACA MOURA,
• NÉLIDA PIÑON, QUE ORA LHES FALA
E que, por unanimidade, indicou Andréa Del Fuego vencedora do PRÉMIO JOSÉ SARAMAGO, 2011
A brasileira cujo nome simboliza a paixão que emerge de Os Malaquias, livro merecedor deste galardão.
Um romance áspero, poético e perturbador, que subsidia uma realidade como que provinda de um universo arcaico, cujos rastros a narrativa aos poucos reconstitui.
Já na sua ouverture, a tragédia abate-se sobre a modesta família Malaquias, tendo como cenário o mundo do campo. Aliás, voltado o romance para a paisagem rural, tal opção geográfica distingue-se da tendência contemporânea de privilegiar a temática e o espaço urbanos.
Graças, porém, ao seu perfil arcaico, que suscita emoções inquietantes, aderimos à trajetória da referida família, cuja sorte ingrata desagrega seus membros, sem lhes apagar na memória a procedência real e os vínculos psíquicos.
A narrativa tinge aos poucos suas personagens de sangue. Nenhum se encontra imune à sina que lhes está destinado. O enredo inflige-lhes dores, mas não se traduz em derramamentos verbais ou imagens que reverberam sem consistência.
Distante dos intimismos, dos individualismos exacerbados, do falso cosmopolitismo que aprisiona a produção literária dos nossos dias, a narrativa prossegue sem consolar o leitor. Não se sai incólume de um texto que irradia injustiças e crueldades e cuja preocupação é retratar o drama que golpeia Os Malaquias.
Um romance que, enquanto contraria os arautos que prognosticam o fim do género, confirma um talento talhado para o Prémio José Saramago 2011. E que o próprio Saramago, se aqui o tivéssemos, não hesitaria em aplaudir seu vigor narrativo.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Grandes Livros - Episódio 11: "Sinais de Fogo", Jorge de Sena (1/5)

Jorge é  que tinha razão

Os Mutantes - Panis Et Circenses [HD]

Delicioso........:))))
..." A meu lado, o Rodrigues segurou-me a mão. Baixei os olhos com aflição e pasmo, e procurei soltar a mão que ele apertou.
_ É bonito, não é? è como se o mundo começasse..._ disse. E depois, apertando-me mais a mão, segredou-me:_ Tu hoje...tu ontem viste-me aqui, não viste?
Soltei a vista sobre o mar, e perguntei em voz baixa; _Que queres tu que eu te diga?
Ele, desprendendo-me a mão, percorreu com as suas o corpo até às coxas e de olhos fechados murmurou;_Diz-me que a água lava tudo.
 O Macedo, com a pelagem brilhando, estava ao nosso lado. E tinha ouvido, porque disse, baixinho também_ Quase tudo......

In
Sinais de Fogo
Jorge de Sena

terça-feira, 4 de setembro de 2012






Romualdo era chefe do serviço de amanuenses. Ora, os seus amanuenses ao final do dia viravam-se para ele e torciam o nariz. Todos os dias. Romualdo achava que não gostavam dele. Um dia decidiu acabar com  qualquer  dúvida. Contratou um deteective.
-Quero saber porque não gostam de mim. 
O detective depois de investigar recomendou que se inscrevesse num  clube de dança no mesmo 7.º bairro. Romualdo hesitou ainda, antes de fazer a inscrição. No primeiro dia  ficou surpreendido quando entrou no salão ao ver os seus subordinados. 
-Demasiado escura, a cidade, disse um deles. 
Há um globo de luz que sobe, quando abre a pista de dança. Romualdo  abre os olhos, esbugalhados. A gente anda à procura de um milagre, diz um dos alunos torcendo o nariz.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Boda



Daqui, deste bordel, flores e frutos para os noivos;
Romãs,cerejas. Azáleas. Flores do campo, lírios.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Nelson Mandela Invictus

 Eis um hino à liderança e à liberdade. Um verdadeiro e insofismável sinal de fogo.

Ruas

Rua Augusto Palmeirim

 

Manuel S. era vidraceiro. Ana B. , professora de posturas. Durante anos passaram na mesma rua às 6 da tarde. Ela seguia pelo passeio, olhava de relance a grande montra do salão de chá, virava na transversal à esquerda e desaparecia no fundo da rua. Manuel seguia atrás, via-a  virar à esquerda e continuava em frente entrando num prédio ao fundo da rua numa escola de coaching onde aprendia a liderar.
Não falaram nunca até ao dia, quatro anos volvidos, em que ele ao entrar na rua agradeceu o caminhar perfeito da professora.
Casaram em Dezembro.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Escrevente de peito

"Apresentam-me um texto. Esse texto me enfara. Dir-se-ia que ele tagarela. A tagarelice do texto é apenas essa espuma de linguagem que se forma sob o efeito de uma simples necessidade de escritura. Não estamos aqui na perversão, mas na procura. Escrevendo o seu texto, o escrevente adopta uma linguagem de criança de peito: imperativa, automática"..


Roland Barthes, em o prazer do texto

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Para Oeste



Apanhei a linha do Oeste e fui até à Figueira. Convenci uns amigos que me levaram ao longo da costa. Passei por Buarcos,  Tocha e só parei em Ílhavo já muito para norte.
Nem sinais da Micaela, do tenente, nem de Rodrigues. Não havia ninguém que os conhecesse ou que deles se lembrasse, ainda que os confundissem com outros. Eram figuras que podíamos ter sido nós. Outros que são virtualmente as janelas de uma época. Personagens que existem para nos reconhecermos e para sermos outros. A virtualidade absoluta, com a qual podemos sobreviver nos outros e os outros em nós.

Baseado nos Sinais do J.S.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Crescendo

"....será que alguém é arrastado, salvo em casos muito excepcionais, para alguma coisa que, no fundo, não quisesse fazer, vencidas as repugnâncias que o defendiam?
-Não.
-Não o quê?
-Um mal é uma coisa exterior a nós, contra a qual a gente luta.
-E não é uma coisa interior de que a gente tenha de defender-se?"

in Sinais de Fogo.

Diálogo entre Jorge e Rodrigues

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Aprisco


Have you heard the news?
The dogs are dead!
You better stay home
And do as you're told
Get out of the road if you want to grow old.


In "Sheep" de R.Waters, Um texto aplicável na alvorada do novo milènio depois do triunfo dos Porcos

domingo, 12 de agosto de 2012

Watch out!

                                           

                                        

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sinais

 

 


terça-feira, 24 de julho de 2012

Independência

Independência
Recuso-me a aceitar o que me derem.
Recuso-me às verdades acabadas;
recuso-me, também, às que tiverem
pousadas no sem-fim as sete espadas.

Recuso-me às espadas que não ferem
e às que ferem por não serem dadas.
Recuso-me aos eus-próprios que vierem
e às almas que já foram conquistadas.

Recuso-me a estar lúcido ou comprado
e a estar sozinho ou estar acompanhado.
Recuso-me a morrer. Recuso a vida.

Recuso-me à inocência e ao pecado
como a ser livre ou ser predestinado.
Recuso tudo, ó Terra dividida!

Jorge de Sena, in 'Coroa da Terra'

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Jorge

Biografia


Jorge Cândido de Sena nasceu em 2 de Novembro de 1919 em Lisboa. Terminou em 1936 o seu curso de liceu, ano em que se inscreveu nos preparatórios para a Escola Naval . Formou-se em Engenharia Civil na FEUP.
Até 1959 foi funcionário da Junta Autónoma de Estradas, data em que se exila no Brasil, onde conclui o doutoramento em letras e rege as cadeiras de teoria da literatura e literatura portuguesa na Universidade de Araquara.
A partir de 1965 passa a viver nos E.U.A. acompanhado da esposa Mécia de Sena, de quem teve 9 filhos, sendo professor catedrático na Universidade de Winsconsin e, posteriormente na Universidade da Califórnia - Sta. Bárbara, onde dirigiu o departamento de literatura portuguesa e espanhola. Recebeu ao longo da sua vida vários prémios, entre eles a Grã-Cruz de Santiago.
Faleceu em 4 de Junho de 1978. Três dias depois, a Assembleia da República exprimia pesar unânime, certamente partilhado por todos os que tiveram a honra de o conhecer a si ou à sua obra.
Uma das suas filhas, já em Lisboa, ainda me deu aulas de inglês com um sotaque inesquecível da West Coast Californiana.
Jorge, personagem cimeira das letras portuguesas,  anda um  pouco esquecido pelos leitores.

Texto partido da Wikipédia e aumentado pelo Bordel.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Livre aria




Abençoadas as Librarias
Sic transit gloria mundi



sábado, 14 de julho de 2012

Tertúlia de Linguarudos no seu melhor! Os amigos são mesmo o que de melhor temos para alegrar a vida. E há de tudo. Até as moscas do senhor já parecem uma miragem. Que esta ilha é um balão com bom coração. E há cocos, e há estórias. E há memórias. De hoje. De amanhã. De sempre.





domingo, 24 de junho de 2012

1950-2012

"O mundo, aquele mundo compreensível e legal, ia-se desvanecendo. Antes havia isto e aquilo, e agora ...o navio tinha partido."
Substituímos aquele mundo pelo nosso mundo, onde a precária segurança do Estado democrático  caminha para estado caótico e sem direitos e em que a fina malha cristalina e frágil da democracia que cobria o nossa cultura de humanismo liberal cede lugar a um barbarismo liberal, e temos o mesmo medo presente

sexta-feira, 22 de junho de 2012

"Simão sente uma perigosa necessidade de falar, mas, para ele, falar perante um auditório era uma coisa tremenda.
- Talvez - arrisca ele com um modo hesitante -, talvez haja uma fera.
(...)
- O que eu quero dizer é que... se calhar somos nós."


O Deus das Moscas, William Golding

terça-feira, 5 de junho de 2012

Em cena







quarta-feira, 23 de maio de 2012

Lambedela

Pergunta de um Doutor numa escola de economicas e financeiras:

Quando um pobre nos quer lamber as botas, devemos ou não untá-las previamente?

Resposta certa:
Deve untá-las, mas...
o produto não pode ser muito salubre pois não deve o pobre rebustecer e decidir deixar de ser pobre e atrair um número excessivo de pobres à lambedela e se aumentar muito a quantidade de lambedores a paciência do lambido diminui bastante.
O produto deve ser moderadamente salubre, até porque a moderação é a principal qualidade a exigir a um pobre.

Baseado em  A Noite e o Riso de Nuno Bragança
(livro muito baseado)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Trevas


Corações de trevas reluzem
rios que agitam as almas
Sem direcção certa seduzem
magma escrito em vozes calmas

Aventura fria na selva preta
colonia de fome de amor
Cupido cospe a sua seta
trovejam nuvens de horror

Todos os sois da guerra
encurecem brancas tua tez
Estrelas fixas sobre a terra
cegam belas o que não vês

quarta-feira, 16 de maio de 2012

HEAT
















In one end
large shining
vast amount of red
crawling pioneers
walkin with eyes of dead
Like a blind snake



J.C. in Heart of the darkness

Dever-se-ia dizer Heat of the darkness

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Magia do sensível

Este poema para quem é praticante desde o tempo da Torre da Gadanha e para todos os outros que se juntaram, bem podia estar no tal livro mal amado e em epigrafe.
Dei com ele por acaso não fosse ele um nobelizado.



Farto de todos aqueles que com palavras fazem palavras mas onde não há uma linguagem;
Dirigi-me para a ilha coberta de neve.
A veação não conhece palavras.
As páginas em branco dispersam-se em todas as direcções.
Eu dei com vestígios de cascos de corça na neve.Linguagem, mas nenhuma palavra.

Thomas Transtormer

sábado, 5 de maio de 2012

“(…) on one end a large shining map, marked with all the colours of a rainbow. There was a vast amount of red – good to see at any time, because one knows that some real work is done in there, a deuce of a lot of blue, a little green, smears of orange, and, on the East Coast, a purple patch, to show where the jolly pioneers of progress drink the jolly lager-beer. However, I wasn’t going into any of these. I was going into the yellow. Dead in the centre. And the river was there – fascinating – deadly – like a snake. Ough!” 
(Joseph Conrad, in Heart of Darkness)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Abril em pétalas


    A liberdade, as palavras e a petaleira



    Palavras meias como um jogo
    nascem na petaleira
    soltam pétalas cor de fogo
    flor de arvore inteira

    Comem-se as pétalas, vidas
    aura de silencio verde
    palavras mudas comidas
    saciam discursos de sede

    Ressoam no lago azul
    vozes de outro horizonte
    viagem roubada do sul
    cântico quente de outra fonte.


sábado, 14 de abril de 2012

sexta-feira, 6 de abril de 2012

As Intermitências da Morte, José Saramago


Para reflexão





Quer que chame um táxi para a levar ao hotel, e a mulher respondeu, Não, ficarei contigo, e ofereceu-lhe a boca. Entraram no quarto. despiram-se e o que estava escrito que aconteceria, aconteceu enfim, e outra vez, e outra ainda. Ele adormeceu, ela não. Então ela, a morte, levantou-se, abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta de cor violeta. Olhou em redor como se estivesse à procura de um lugar onde a pudesse deixar, sobre o piano, metida entre as cordas do violoncelo, ou então no próprio quarto, debaixo da almofada em que a cabeça do homem descansava. Não o fez. Saiu para a cozinha, acendeu um fósforo, um fósforo humilde, ela que poderia desfazer o papel com o olhar, reduzi-lo a uma impalpável poeira, ela que poderia pegar-lhe fogo só com o contacto dos dedos, e era um simples fósforo, o fósforo comum, o fósforo de todos os dias, que fazia arder a carta da morte, essa que só a morte podia destruir. Não ficaram cinzas. A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu.

(P.S. - Um verdadeiro hino à Vida!)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

2012

"O fascismo é uma bebida reconfortante para quem está enregelado até aos ossos, um gole rápido poderá parecer um bom remédio. Infelizmente ainda não conseguimos fazer a mais pequena ideia do que significou a guerra mundial. As suas origens mantêm-se mergulhadas na névoa mais densa"

B. Brecht

domingo, 25 de março de 2012

Linguas nos ouvidos III

Desiderato.
Palavra visitada por alguns enfatuados da classe política dominante. A mim causa desidratação.Prefiro,desidério.Desejo.
Com o ministro da propaganda que novo desejo pode surgir aqui na praia ocidental?

terça-feira, 20 de março de 2012

Ministro

O ministro Gaspar diz que vamos a meio da ponte. O que pensa ele ? Atiramo-nos ou vamos em frente?

terça-feira, 13 de março de 2012

Intermitências da democracia

"...certezas é que não temos. É mesmo possível que um erro seja descoberto onde ninguém antes diria que havia um problema. Usualmente, o progresso surge onde temos problemas em aberto. Mas nem sempre."

A esta afirmação de K.Popper em 28/3/1987 ao Expresso antes do crash bolsista podemos acrescentar, sem certezas, que o problema actual é que não sabemos como acabar com este regime económico e político. A certeza que nos dão é que não existe alternativa ao capitalismo que temos.

terça-feira, 6 de março de 2012

As Intermitências da Morte de José Saramago (2005)





“Em algum lugar, adiante, encontrava-se a fronteira, essa linha que só nos mapas é visível. Como iremos saber que chegámos, perguntou a mulher, O pai o saberá. Ela compreendeu e não fez mais perguntas. Continuaram a andar, ainda cem metros, ainda dez passos, e de súbito o homem disse, Chegámos, Acabou, Sim. Atrás deles uma voz repetiu, Acabou.”

"It's a Book" - Book Trailer - Legendado

sexta-feira, 2 de março de 2012

Feios porcos e maus

Brecht uma vez aconselhou ironicamnete o Partido (Comunista) a pôr cobro à situação do país elegendo outro povo. Faz lembrar o poder actual e a sua política de limpeza social.


O que o povo precisa é de bordoada. Uns bons tabefes, castigos e vai ao sitio depois de aprender como se vive numa sociedade moderna e L$beral.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

" - A vingança não serve para nada - admoestou-o Allan. - A vingança é como a política. Uma coisa leva a outra, e a má conduta leva a outra pior, e acaba tudo, no fim de contas, de forma desgraçada"

In " O centenário que fugiu pela janela e desapareceu."
Jonas Jonasson

Uma Vida Interligada (A Life Connected)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Queridos Linguarudos,

É já este sábado. Irei adorar ver-vos por lá e estarei, claro está, com a ansiedade própria dos amadores, marinheiros de primeira viagem e outros que tais. ;)


Efeito Berlanga

Há a mulher ideal, que é uma boneca, onde o homem insufla tudo o que a sua cabeça tem sobre ela. Ela é a boia, é ar. O que o homem sabe sobre ela é tão consistente como o gás hilariante.

Visto no cinema.
Tamanho Natural: Comédia negra, burlesca e surreal.
Várias gargalhadas e espanto.
Culpado: Berlanga.
Recomenda-se ver também o Verdugo

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ESCREVENDO POESIA

De todo, não: não é difícil escrever poesia –
é impossível.
De contrário, pensas que teria persistido nisto
por mais de 40 anos?

Tenta, tenta só
pôr asas numa pedra, tenta
seguir o rasto de um pássaro
no ar.


Hans BØrli

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A Grande Paz

Democracia.
Tende cuidado quando ouvirdes essa palavra. Desconfiai.
Dela sobra a liberdade de mal dizer o governo e de votar de 4 em 4 anos.
Restaremos vivos, lutando pela sobrevivência sem moralismos.
O capitalismo moderno é, e deverá ser, um estado permanente de guerra.

Be my enemie too.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Poderes que podem

"O que a sífilis poupou será devastado pela imprensa. Com o amolecimento cerebral do futuro, a causa não poderá mais ser determinada com segurança.(...) A imagem de que um jornalista escreve tão bem sobre uma nova ópera como sobre um novo regulamento parlamentar tem algo de acabrunhante. Seguramente, ele também poderia ensinar um bacteriologista, um astrônomo e até mesmo um padre. E se viesse a encontrar um especialista em matemática superior, lhe provaria que se sente em casa numa matemática ainda mais superior.”


Karl Kraus

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Linguas nos ouvidos I

Duas palavras que se vão lendo repetidamente nos jornais e revistas e que se sentam por instantes no bordel:


Nudez frontal.

O social cultural anda com elas. Entendem-se muito bem. Fazem com elas uma partouze.