segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Satisfaction

Procuro o que me pode consolar como o caçador persegue a caça, atirando sem exitar assim que algo se mexe na floresta. Quase sempre atingo o vazio, mas, de tempos a tempos, não deixa de me tombar aos pés uma presa. Célere, corro a apoderar-me dela, pois sei quão fugaz é o consolo, sopro de um vento que mal corre pela árvore.



Stig Dagerman in "a nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer"

Pega na PSP e tenta passar mais um nível. Tens mais duas vidas para gastar.



R.A.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Margarida

Respira
ao ar
com vista
pró céu.
Já vivia,
mas agora
mais que vive,
pulsa de vida!
A pequena
Margarida



sábado, 20 de agosto de 2011

Dos Blogs



"A senhora, a mim, não me faz perguntas", afirmou quando viu a repórter. "Ponha-se daqui para fora", mandou Jardim, mas a repórter lembrou que a igreja também era dela. "Não é sua, porque você é comunista; e, mais a mais, saia, que eu chamo a Polícia", ameaçou o líder regional.»
[CM] .

D'après P.Ilheu

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

João Carpinteiro acordou de um sonho que o deixou perturbado; purificou o espírito com frescura líquida, debruçado no lavatório, fez a barba e logo se sentiu preparado para mais uma jornada.
O fato – impecavelmente engomado – brilhava no cabide. João Carpinteiro assumia - com brio - a arte de bem vestir; seu avô sempre lho havia dito: se fores paquete, veste-te como se fosses escriturário; mas se fores escriturário – veste-te como se fosses um senhor doutor. Coisas destas – pensava - já não se ensinam. De frente para o espelho do guarda-fatos fez o nó da gravata, com perícia e zelo. Guardou o relógio no bolso do colete; ajeitou a correia e os botões de punho. Abriu o pequeno armário de parede do hall de entrada e escolheu um chapéu de coco castanho, com uma faixa acetinada que acentuava a sua compleição robusta. ora aqui está um rapaz composto! – dizia de si para si, cheio de orgulho.
Os colegas da repartição repontavam – decerto invejosos – quando o viam chegar, aperaltado; aqui e ali, iam soltando risinhos abafados. malandros! – pensava.
O chefe da repartição, que o conhecia há quase vinte anos, insistia em dizer que já não lhe fazia diferença: se ele está bem assim, porque hei-de eu andar a chatear-me com isso? desde que o trabalho fique feito.
O trabalho na repartição era – invariavelmente – o mesmo; mas João Carpinteiro não se incomodava – até gostava. Era cordial com os utentes - que fazia questão de cumprimentar; e tinha até muitos que mostravam preferência em serem atendidos por si – algo que o inchava de sobremaneira. E, diga-se – alto e bom som -, João Carpinteiro era dos melhores técnicos das finanças das redondezas; não se lhe conhecia uma única reclamação.
Ora o Guedes – noviço ao serviço –, que o parodiava - enquanto João Carpinteiro se ausentava para almoçar -, naquele dia não conseguiu resistir.
ó Guedes, tira-me isso daí. deixa o rapaz em paz, homem! – dizia o chefe meio indignado. porquê? – questionava o outro galhofeiro - o chefe vai ver: ele até me vai agradecer.
João Carpinteiro voltou do repasto, dirigiu-se aos lavabos para purificar a dentição e regressou ao posto. Encontrou, debaixo da mesa, um saco contendo uma caixa. Por fora conseguia ler-se: Sapataria Lisbonense | Rua da Assunção 53, Lisboa | Telefone: 213426712. Espreitou o conteúdo.
O Guedes, com um sorriso de escarninho de orelha a orelha, postou-se na secretária do colega: então, o que achas? João Carpinteiro, com a paciência que lhe era característica, disse: são bonitos. bonitos? são um verdadeiro espectáculo! e sabes que mais? são teus, que essa de andares descalço até mete dó! obrigada, Guedes; mas estou bem assim. hã?! - o outro franziu o sobrolho, desconcertado.
João Carpinteiro, com jeitinho (não fosse ofender mais o enxalmo), arredou o saco para o lado com o pé esquerdo. Nesse instante, pareceu-lhe mesmo ouvir a sábia voz do avô: se um homem tiver um coração de oiro lá precisa de sapatos para alguma coisa?

Sara Câmara Leme

Um Must



A Must.

You Must

remember.

You must drink,

the mustum.

The new wine.

Because the truth is in it

And then,

you realise what I want from you.

Mosto.

Apressa o mosto

O mosto

Ai! moço.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fala com ela





"De facto, os assuntos de conversa são em número reduzido, e mais de metade dos que valem a pena limitam-se a três proposições: eu sou eu, você é você e existem outras pessoas das quais sabemos vagamente que não se parecem de todo connosco."


in "conversa e conversadores" de R.L. Stevenson
" Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Álvaro de Campos

"Mamã, quqndo for grande, quero trabalhar, viver sózinha e ser
mãe solteira de um porco."
Catarina, cinco anos

Simplesmente um verdadeiro "must".


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Produtividades liberais

"Frequentaram a escola e a Universidade, mas estiveram o tempo todo com o olho numa medalha; andaram pelo mundo e cruzaram-se com pessoas inteligentes, mas durante todo esse tempo só pensavam nos negócios próprios"






in "uma apologia dos ociosos" de R.L. Stevenson








sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Dom

Dão -Alvaro de Castro, 2006, Reserva. Dei-lhe 8,5 numa escala de 10 afectada por um coeficiente de delito que é sempre favorável.Isto depois de um branco da Casa de Sta. Eulália-Avesso, e de um igualmente branco D. Soares Franco-verdelho. Viriam ainda mais três tintos e fechar-se-iam as hostilidades da época 2010-2011.Até Setembro.


Almoço no Chaby de 13/07/2011