quarta-feira, 23 de abril de 2014

O empregado do merceeiro

Segundo  Hofstede Portugal é um dos países onde existe maior índice de rejeição da incerteza, logo atrás da Grécia e à frente da Bélgica. É um país propenso a obedecer aos procedimentos em quaisquer circunstâncias, dependente de regras e da mão do poder. Terá sido então natural, atendendo a este índice que no aeroporto de Lisboa o Senhor Subir Lall representante do FMI tivesse sido impedido de entrar no país pela simples razão do seu visto ter validade apenas no dia seguinte à sua chegada àquele país.

sábado, 15 de março de 2014

SELFIE

 
Nasci quando tudo já estava morto. Em nove meses, para ela, ele tinha morrido; para ele, pouco importava se ela estava ou não viva. Mas, enterrada que está a angústia existencial, sinto-me just like Jackie O.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Perfilados


 
Agostinho foi de férias ao mesmo tempo que o seu colega e amigo Eduardo, técnico da secção de martelagem e cisalhamento, conhecido pela  descrição e rigor geométrico no trabalho diário representado graficamente em papel A3 que lavra todas as tardes, raramente levantando os olhos da secretária excepto quando o chefe por lá passa, fazendo-lhe uma respeitosa saudação com uma pequena declinação da cabeça.
Cada um foi para o seu lado. Um para o monte e o outro para as terras baixas junto ao mar. Da barraca da praia Agostinho vê o monte onde Eduardo descansa diariamente. Agostinho observa o colega sentado no alto da arriba, virado de costas para o horizonte de absoluto azul, mar tranquilo e plano como a folha no estirador. Vê-o pouco distinto, uma pequena sombra na contra-luz da manhã, imóvel, com a cabeça pendida, exactamente como o identifica na foto do seu perfil do facebook.

domingo, 2 de março de 2014

QUESTÕES DA EXISTÊNCIA



Tentativa 5. E última oportunidade de Mr. Joyce. Ouviu?!

sábado, 1 de março de 2014

DIÁRIO

Fumem-me as tripas, para ver se me ralo. Sempre fui o melhor. Já a mamã o dizia. O mais trabalhador, o mais esperto, generoso e complacente. Mas isto é demais. Faz hoje uma semana. Não. Faz uma semana, sete horas e quarenta e três minutos. Entraram aos berros como se uma faca de dois gumes lhes atingisse o coração. Claro que não estranhei - sempre assim os conheci. Desde que o primeiro nasceu que não os oiço senão em algazarra. E em grande pressa objetivando... nada. Quem corre com eles sou eu. Ali espojados, chispes no ar, feios, bácoros e maus! Eu sim, eu carreguei cada tijolo, cada saca de cimento. Escavei, enroquei, ladrilhei e telhei. E eles com as palhinhas e as madeirinhas e as cantiguinhas. Maldito lobo "mau". Hum. Fumador, de certeza. E exercício? Nada! Correr, correr. Era fácil. Correeeeer! E depois abocanhar, cortar, perfurar, dilacerar, esmagar e triturar. Mas não. Estão vivos e de saúde, há uma semana debaixo do meu teto. Preguiçosos! Quem me dera que um raio os fulminasse e que ficassem chamuscados para sempre. O raça dos porcos que não desamparam a loja... Querido diário, desculpa-me o desabafo mas, tenho para mim que cada porco na sua cocheira. Dorme bem. Eu tentarei. Em vão. Do teu Prático, o mais velho dos três porquinhos.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

IRREVOCABILIS

Louie, I think this is the beginning of a beautiful friendship.