terça-feira, 25 de janeiro de 2011

tHe DaY i QuIt LiNgUaRuDoS

caros linguarudos (sem acentos nem cedilhas sem pontos nem virgulas ca vai) com este misto de magoas ou alivios imprimo a decisao de abandonar o grupo de leitura linguarudos sentimento agridoce que estimula x papilas e y papilas nao ha sempre o motivo o projecto que se afastou das linhas tracadas pelo menos nos pontos definidos no plano dos meus eixos referenciais no principio mais uma oportunidade ver mexer falar saber em torno da oportunidade livros este mais convivio que enlaca intrincadas relacoes no meio oportunidade unica para estarmos juntos e nos desejarmos mutuamente parabens felicidades bons casamentos e divorcios vivam os nascimentos e morram as mortes no fim a obrigacao ou se nao em tudo se assemelha devem ser assim as reunioes mensais ou trimestrais de antigos militares que unidos combateram o ultramar e se beijam e se abracam e abarcam e expurgam as letras palavras frases cenas (d)escritas que durante mais ou menos tempo sentiram comuns cenas de rir ou chorar que durante cada encontro de auto ajuda lhes parece revolucionar as vidas tal como um livro 5º batalhão do 3º regimento de cavalaria apresenta se e despede se ate daqui a um mes ou nao segue por e-mail para o mais prolixo dos linguarudos os dados para administracao do blogue onde a criatividade se le sem se editar mas la esta fica escrita para o mundo pois o mundo que o leia que mais rico fica daqui ficamos bem obrigadas mae filhas nascidas ou por nascer mais parabens e felicidades e morram as mortes e vivam os livros para todo o sempre AMEN viva ca nada coelho teve o meu voto e derrotada senti me aliviada porque ha coisas que se obrigam a ser feitas sem obrigacao mesmo em dias tempestuosos de votacao CoelhinhaDoTolstoiOverAndOut11125RIP

Acidente doméstico


A MIÚDA QUE PUXA A TOALHA

Há mais de um ano neste mundo
e neste mundo ainda nem tudo pesquisou
nem submeteu a controlo.

Agora estão a ser testadas coisas
que não podem mexer-se sozinhas.

É preciso ajudá-las,
deslocá-las, empurrá-las,
tirá-las do sítio e transferi-las.

Nem todas o desejam, por exemplo, o armário,
a aparador, as paredes intransigentes, a mesa.

Mas já a toalha sobre a mesa obstinada,
se bem agarrada pelas pontas,
mostra-se disposta a viajar.

E sobre a toalha: os copos, os pires,
o jarro de leite, as colherinhas e a tigela
até tremem de desejo.

Interessante,
que movimento vão escolher
depois de vacilarem na beirinha:
um passeio pelo tecto?
um voo em torno do candeeiro?
um salto para o parapeito da janela e de lá até à árvore?

O Senhor Newton ainda não meteu aqui a colherada.
Que olhe lá do céu e agite os braços.

Este teste tem de ser efectuado
e será.


Wisława Szymborska
trad. de E. Milewska e Sérgio Neves

domingo, 23 de janeiro de 2011

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mãos


Há mãos que riem,
outras choram
umas fazem cócegas,
outras pão.
Há aquelas que fogem
e tiram a mão
pintam de cores
sofrem de amores
e juram que não.

Mãos, mãos,mãos...
foi a quatro mãos
e passou-se assim
alegremente mudo

Há mãos pra tudo

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Hino das visitadoras

Pequena obra musical, secretamente composta pelas visitadoras do SVGPFS, proposto como hino deste serviço:

Servir, servir, servir
O exército da nação
Servir, servir, servir
Com muita dedicação.

Tornar felizes os soldadinhos
- Corram e saltem, Chuchupinhas!-
E os sargentos e os cabinhos,
É a nossa honrosa missão.

Servir, servir, servir (…)

Assim vamos, todas satisfeitas,
Nos comboios do nosso serviço
- Sem brigar sem fazer desfeitas –
Com o Chininha, a Chuchupe ou o Chupão

Servir, servir, servir (…)

Na terra, no beliche, na relva,
Do quartel, do campo ou o que for,
Damos beijos, abraços e tudo,
Às ordens do superior.

Servir, servir, servir (…)

Vamos por selvas, rios e charcos,
Nem do Leão, do puma ou do tigre
Nós temos qualquer temor,
Porque nos sobra patriotismo,
Como ninguém fazemos amor

Servir, servir, servir (…)

In "Pantaleão e as Visitadoras" de Mario Vargas Llosa

Sugiro a todos os camaradas linguarudos que decorem a letra para que a possamos alegremente cantar na próxima tertúlia :)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Bordeline

Odelesca vai fresca pela estrada, folheia a caras, mal diz a vida das louras da revista.
-Estas burgessas, andam a esticar a pele dos joelhos e eu aqui a esticar quilómetros.
E dizem que têm pinta. Vão de avioneta para o Algarve as peruas. – murmura enquanto abre pisca para mudar de faixa. -A pouco e pouco elas vão.
Costumava monologar com ligeireza de pensamento e nessas alturas, quem estivesse atento e bem colocado, podia ver perfeitamente os lábios a mexer.
-Ah vão, vão. O noivo é bem giraço, entrou na novela do Espelho de água ou na outra da ceguinha. Se me convidassem para um casamento destes, ia primeiro à despedida do solteiro …
Enquanto se prepara para a portagem vai fazendo contas de cabeça e previsões:
-O meu aniversário calha num dia de semana.
Antecipa o dia seguinte no escritório:
- Encarar o filho do patrão. É dose. Não tenho paciência para toninhos.
Os colegas:
-Aceitam 50% os cagadinhos. O rabinho é deles, eles é que sabem. E não respinga.
Reabre a revista:
E as palmeiras? Isto, só de piscinas tem 5, e qual delas a maior.
A associação de ideias leva-a para o Verão:
Dez dias. Dez dias de férias.
Nisto, toca o celular. Olha o visor. De novo o puto deprimido. Começava a ficar farta de lhe dar colo.
Leu a sms. Um smile com a pergunta keres ir ao cinema?
Este tipo de proposta era boa nos anos 80. Como era eu nos anos 80? Tinha bons e bem privados orgasmos. Hoje em dia, estou uma desbragada. Uma vida de bordel. Agora só me faltava mesmo era desmamar este madraço. Coitado, é bom rapaz.
Enquanto pensa nele, agita-se no banco, coça a cabeça, ajeita o cabelo.
-A minha vida é uma Guerra e Paz. Vamos a isto, diz em voz alta tirando umas sabrinas do saco das compras e descalçando as botas de biqueira de aço que lhe começavam a fazer bolhas.