quinta-feira, 26 de abril de 2012

Abril em pétalas


    A liberdade, as palavras e a petaleira



    Palavras meias como um jogo
    nascem na petaleira
    soltam pétalas cor de fogo
    flor de arvore inteira

    Comem-se as pétalas, vidas
    aura de silencio verde
    palavras mudas comidas
    saciam discursos de sede

    Ressoam no lago azul
    vozes de outro horizonte
    viagem roubada do sul
    cântico quente de outra fonte.


sábado, 14 de abril de 2012

sexta-feira, 6 de abril de 2012

As Intermitências da Morte, José Saramago


Para reflexão





Quer que chame um táxi para a levar ao hotel, e a mulher respondeu, Não, ficarei contigo, e ofereceu-lhe a boca. Entraram no quarto. despiram-se e o que estava escrito que aconteceria, aconteceu enfim, e outra vez, e outra ainda. Ele adormeceu, ela não. Então ela, a morte, levantou-se, abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta de cor violeta. Olhou em redor como se estivesse à procura de um lugar onde a pudesse deixar, sobre o piano, metida entre as cordas do violoncelo, ou então no próprio quarto, debaixo da almofada em que a cabeça do homem descansava. Não o fez. Saiu para a cozinha, acendeu um fósforo, um fósforo humilde, ela que poderia desfazer o papel com o olhar, reduzi-lo a uma impalpável poeira, ela que poderia pegar-lhe fogo só com o contacto dos dedos, e era um simples fósforo, o fósforo comum, o fósforo de todos os dias, que fazia arder a carta da morte, essa que só a morte podia destruir. Não ficaram cinzas. A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu.

(P.S. - Um verdadeiro hino à Vida!)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

2012

"O fascismo é uma bebida reconfortante para quem está enregelado até aos ossos, um gole rápido poderá parecer um bom remédio. Infelizmente ainda não conseguimos fazer a mais pequena ideia do que significou a guerra mundial. As suas origens mantêm-se mergulhadas na névoa mais densa"

B. Brecht