sábado, 1 de março de 2014

DIÁRIO

Fumem-me as tripas, para ver se me ralo. Sempre fui o melhor. Já a mamã o dizia. O mais trabalhador, o mais esperto, generoso e complacente. Mas isto é demais. Faz hoje uma semana. Não. Faz uma semana, sete horas e quarenta e três minutos. Entraram aos berros como se uma faca de dois gumes lhes atingisse o coração. Claro que não estranhei - sempre assim os conheci. Desde que o primeiro nasceu que não os oiço senão em algazarra. E em grande pressa objetivando... nada. Quem corre com eles sou eu. Ali espojados, chispes no ar, feios, bácoros e maus! Eu sim, eu carreguei cada tijolo, cada saca de cimento. Escavei, enroquei, ladrilhei e telhei. E eles com as palhinhas e as madeirinhas e as cantiguinhas. Maldito lobo "mau". Hum. Fumador, de certeza. E exercício? Nada! Correr, correr. Era fácil. Correeeeer! E depois abocanhar, cortar, perfurar, dilacerar, esmagar e triturar. Mas não. Estão vivos e de saúde, há uma semana debaixo do meu teto. Preguiçosos! Quem me dera que um raio os fulminasse e que ficassem chamuscados para sempre. O raça dos porcos que não desamparam a loja... Querido diário, desculpa-me o desabafo mas, tenho para mim que cada porco na sua cocheira. Dorme bem. Eu tentarei. Em vão. Do teu Prático, o mais velho dos três porquinhos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Há qualquer coisa de dissemelhante entre um porco e o Eduardo